O que você precisa saber sobre fundos de Private Equity?

Pedro Henrique Koerich de Liz

Buscar por investidores não é necessariamente uma estratégia de crescimento

Em tempos de Covid-19 e intensos efeitos econômicos espalhados de forma desproporcional entre setores e empresas, reduz-se o grupo de empresas e empresários que discutem estratégias de crescimento. Em momento tão incerto, o foco empresarial volta-se naturalmente à busca pela sobrevivência.

Neste contexto que apresenta oportunidades de ganhar market-share para alguns, uma dúvida pertinente na cabeça de empresários é onde conseguir financiamento para enfrentar estes desafios. A resposta pode estar na associação com investidores financeiros, os tradicionais fundos de private equity (PE), conhecido por alguns empresários, porém desconhecido de outros tantos.

Dúvidas sobre esta opção de capitalização para as empresas surgem para muitos empresários e o propósito deste texto é de modo sucinto abordá-las.

Afinal, o que o empresário precisa saber sobre estes importantes agentes do mercado? 

foto de contrato da Magma M&A Fusões e Aquisições

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A Magma possui contato com mais de 1.000 investidores estratégicos ou financeiros (empresas, fundos de private equity e family offices) no mundo. Caso sua empresa fature anualmente acima de R$30 milhões, podemos ajudá-lo a desenhar a melhor estratégia.

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1. O que são fundos de private equity e quais seus objetivos?

Fundos de private equity (“PE”) são administrados por gestores profissionais como uma alternativa de investimento para seu negócio, alocando recursos em empresas de capital fechado e também aberto (listadas em bolsa), por meio da aquisição ou subscrição de ações que tornam-nos sócios de empresas, ou em alguns casos pela subscrição de debêntures, um tipo de endividamento.

Por ser considerada uma alternativa de investimento mais arriscada, visto que a maioria dos negócios acontece com empresas de médio porte e de capital fechado (também conhecidas como middle market), os gestores de PE almejam retornos acima da média de mercado, em intervalos atualmente na faixa de 15% a 25% ao ano. Entretanto, os fundos correm os mesmos riscos do empresário e da operação subjacente, portanto os retornos dos investimentos variam conforme a disparidade de resultados dos negócios que os suportam.

Existem diversos critérios de investimento que os gestores analisam para conseguir entregar o nível de retorno exigido sobre o capital investido nas empresas, sendo os principais:

  • Oportunidades de crescimento da receita e do resultado, que pode acontecer através da aquisição de concorrentes (consolidando um setor fragmentado), melhoria de ineficiências na empresa (ao se aplicar novas práticas comerciais, contábeis & financeiras e de governança), atração de novos talentos para a companhia, novas fontes de financiamento para empresa e mudança na estratégia de crescimento orgânico;
  • Investimento em um setor com boas perspectivas de crescimento para os próximos anos;
  • Diferença na precificação de entrada para a de saída (múltiplo de entrada versus múltiplo de saída), visto que empresas investidas por fundos de PE são normalmente melhor precificadas considerando a melhoria usual na governança aplicada;
  • Visão clara do gestor para a saída do investimento após 5 a 7 anos na média, normalmente por meio da venda para um alvo estratégico (empresa nacional ou multinacional atuante ou com interesse no setor) ou via abertura do capital na bolsa (IPO).

2. Quais são as estruturas de investimento mais comuns que aparecem em uma negociação?

Basicamente, são três as estruturas de investimento tradicionalmente usadas por fundos de PE, sendo elas:

  • Aquisição de ações da companhia, conhecida também como operação secundária ou cash-out, na qual o dinheiro vai pessoalmente para a os sócios vendedores;
  • Subscrição de ações, conhecida também como operação primária ou cash-in, na qual o dinheiro vai para o caixa da empresa, sendo esta operação preferida pelos gestores visto que o caixa maior oferece oportunidades de crescimento mais rápidas para empresa;
  • Emissão de debêntures conversíveis em ações, conhecida também como operação mezanino. Em um primeiro momento, o fundo de PE tem um papel de credor, emitindo uma dívida com uma boa estrutura. Normalmente a dívida possui carência de 1 a 3 anos no principal e juros abaixo da média de mercado, sendo que os juros também podem entrar na carência por um período a negociar. Neste modelo de transação o objetivo do fundo é analisar a evolução da companhia ao longo do período de carência, com o intuito de converter a debênture em ações se o desempenho for igual ou superior ao traçado entre empresa e gestor.

3. Qual o perfil do fundo de Private Equity adequado a este momento?

Cada empresário possui o seu próprio estilo de gestão, objetivos pessoais e profissionais. Por isso, é necessário um entendimento profundo por parte do empresário sobre o seu perfil e objetivos para que tenha assertividade na escolha do fundo de PE.

Resumidamente, existem fundos de perfil passivo ou ativo em relação à gestão da empresa e a interação cotidiana da empresa e este parceiro difere drasticamente para cada um dos perfis.

Os fundos passivos adquirem participações usualmente minoritárias na sociedade e possuem um papel mais de apoiador qualificado em relação à gestão atual da empresa.

  • Atuando por meio do conselho que será formado, ajudam a guiar e discutir as estratégias e melhorias a serem implementadas na empresa.
  • Por meio de ampla experiência na participação em vários negócios e poderosa rede de relacionamentos construída institucionalmente alguns benefícios exemplares para a empresa incluem mais facilidade na atração de novos talentos para a empresa e acesso a novos tipos de financiamento, experiência na condução de oportunidades de aquisição de outras empresas e outras funções importantes para o desenvolvimento corporativo.
  • Normalmente estes fundos fazem a indicação de um novo diretor financeiro de sua confiança ou minimamente validam o modelo de gestão atual.

Os fundos ativos, por sua vez, normalmente adquirem participações majoritárias, embora em alguns casos o controle de gestão possa ser compartilhado.

  • A atuação dos gestores de fundos ativos é mais intensa e presente na operação e há casos em que o empresário fundador deixa de atuar no dia a dia da empresa e passa a atuar mais como conselheiro do negócio.
  • A escolha dos principais executivos e decisões estratégicas são prerrogativas principalmente do novo sócio para acelerar o crescimento da empresa.

Além disso, outro ponto importante em relação ao perfil dos fundos é o nível de conhecimento que ele possui do setor:

  • Diferente da maioria dos empresários, boa parte dos fundos tem uma atuação generalista em relação a setores, com empresas investidas em diversos setores da economia.
  • Existem também fundos que são especialistas em alguns setores como educação, saúde, tecnologia, agronegócio entre outros. Esta especialização pode trazer benefícios para o negócio, como o ganho de sinergias entre as empresas investidas do fundo em aspectos que sejam inerentes a um dado setor, melhorando a perspectiva de crescimento e rentabilidade.

Em tempos de recessão e stress financeiro para muitos negócios, tornam-se também notórios fundos focados em ativos que passam por dificuldades financeiras ou operacionais, conhecidos como distress funds. Estes fundos são focados em restruturação de empresas, podendo ter um viés mais financeiro para readequar e renegociar o perfil do passivo do negócio ou operacional para implementar melhorias que recuperem o potencial de rentabilidade do negócio.

4. Quais são os principais pontos de atenção ao se procurar por um investidor PE?

Antes de iniciar um processo de busca de um parceiro financeiro, destacamos quatro aspectos fundamentais para o sucesso na operação e no dia a dia após a negociação:

  • Faça o dever de casa. É fundamental que o empresário reflita muito sobre qual o seu perfil como gestor e quais os seus objetivos pessoais e profissionais para os próximos anos, isto facilitará na tomada de decisão de qual o fundo de PE mais adequado ao seu momento. Outro aspecto é a organização contábil e financeira da empresa. A falta de organização pode gerar grandes frustações na fase de due diligence na qual os passivos e contingências de diversas naturezas (trabalhistas, fiscais, ambientais, etc) que não estejam devidamente compreendidos, mapeados e na medida do possível mitigados podem inviabilizar o negócio. Por este motivo é fundamental que a empresa possua um bom nível de organização e controladoria eficiente.
  • Escolha uma boa assessoria financeira para te acompanhar ao longo do processo. O seu assessor ajudará em vários aspectos, como na compreensão das qualidades estratégicas do negócio que embasam a justificativa para uma tese de investimento para a sua companhia. Este apoio profissional possibilita a defesa técnica do valuation e na discussão informada das contingências juntos aos investidores para maximizar o valor do seu negócio. Além disso, ele conduzirá um processo estruturado e competitivo para que você consiga explorar o mercado e conhecer vários fundos de PE ao mesmo tempo, para que assim possa ter o maior número de elementos para a tomada de decisão. Dentre outros aspectos importantes, estão a confidencialidade do processo e negociação do memorando de entendimentos, contratos e acordos de acionistas.
  • Escolha um bom escritório de advocacia para assessorar você com os contratos e acordos. É fundamental a presença de advogados especialistas na parte societária e, portanto, afeitos a operações de fusões e aquisições (M&A) para defender os seus interesses nas negociações de contratos e acordos entre acionistas. Formalizar os entendimentos discutidos ao longo das negociações sobre a governança e a gestão da empresa é fundamental para o futuro do negócio. Cláusulas como tag along, drag along, direito de veto, indicação de gestão, mecanismos de desempate em votações de conselho, antidiluição, opções futuras de compra (calls) e de venda (puts), dentre várias outras, são fundamentais e devem ser discutidas na última etapa do processo de M&A.
  • Faça uma diligência do fundo sempre que possível. É fundamental que antes da tomada de decisão, o empresário converse com outras empresas que já foram investidas pelo fundo ou que já trabalharam com os gestores que nele atuam. Explore ao máximo o conhecimento de empresários que já passaram por este momento e que já vivenciaram o ônus e bônus de se associar com o fundo de PE que você está negociando. Assim poderão ser mitigadas surpresas na condução do relacionamento diário após a transação.

5. Conclusão

Buscar por investidores nem sempre é uma estratégia de crescimento.

Em determinados casos, empresas devem sim estudar a possibilidade de se captar recursos para a manutenção ou sobrevivência do negócio.

Por isso, independentemente do resultado atipicamente positivo ou negativo que 2020 gerou em seu negócio, lhe convido a marcar uma conversa sem compromisso conosco, para entendermos o seu momento e conhecermos o seu negócio, sempre em busca de seu melhor interesse.

Foto de Pedro, funcionário com cargo de senior associatena Magma m&a

Sobre o Autor

Pedro começou como Analista aqui na Magma e rapidamente mostrou as competências para se destacar no mercado de fusões e aquisições.

Com menos de 3 anos de casa e 3 promoções, Pedro busca construir alternativas em busca de objetividade e inovação para processos de M&A, através de uma perspectiva diferente das dos demais sócios.